domingo, 29 de janeiro de 2012

Por que votar? Em quem votar?

Seria pretensão demais de minha parte imaginar ter as respostas para questões tão complexas. Mas, não me furto o direito de apontar pistas para uma discussão que talvez possa gerar frutos nas eleições municipais que se anunciam. Antes de prosseguir, se faz necessária uma afirmação: não se trata de uma crítica partidária, parcial ou com endereço pessoal e, sim, de uma possível chave para abrir uma reflexão política.
Aprender com os erros parece a melhor maneira de se aproximar dos acertos. Por várias vezes ouvi o motivo que levou um eleitor a votar neste ou naquele candidato e, na sua grande maioria, são motivos curiosos. Gostaria de citar e comentar alguns: “Vou votar em tal vereador, pois ele sempre me dá carona”; “Vou votar em fulano porque ele é de minha religião”; “Meu filho estava doente e o vereador “x” conseguiu a ambulância para mim”; “Voto nele porque é do partido do ciclano”; “Vou votar no fulano, pois no fim todo mundo é igual”; “Vou votar no prefeito “y” porque foi ele quem me colocou na Prefeitura”; “Vou votar no beltrano porque ele é corajoso - quando pega o microfone, fala rasgado”; “Voto no ciclano porque ele é bonzinho e simples”... Respeito os motivos. O voto é um direito individual e intransferível e as motivações que influenciam as escolhas são inerentes a cada um. Contudo, as escolhas coletivas me atingem diretamente e acho que aí se abre uma possibilidade para que eu conteste tais critérios de escolha.
 É sempre um gesto de solidariedade humana oferecer carona, mas se votássemos em pessoas capacitadas para elaborar projetos de transporte público (que atendam à necessidade coletiva) não precisaríamos mendigar caronas. Caso votemos em pessoas com competência para elaborar planos de atendimento à saúde pública, extensivo a todos, não ficaremos devendo favor para alguém que nos ofereceu uma ambulância (que já era nossa) e que deveria estar à disposição de todos, e não do vereador ou candidato que a recrutasse no momento de nosso desespero. Se votarmos em pessoas que colocam seu partido e sua ideologia acima da população, fatalmente, teremos corporativismo, o que é sinônimo de cegueira para os fatos e motivo de discórdias passionais. Consequência disso é representante que é contra ou a favor de um partido, quando deveria ser a favor daquilo que é de interesse público. Eleger alguém capaz de denunciar o erro sempre é proveitoso. Porém, mais proveitoso ainda, seria eleger alguém que além da denúncia apresentasse soluções executáveis e projetos consistentes capazes de traçar a contramão do denunciado. Precisamos de pessoas que conheçam as leis que regem a administração pública, as possibilidades, as necessidades e os prazos para apresentarem projetos que beneficiem a coletividade. É urgente nivelarmos por cima para que se estabeleça uma concorrência partidária de superação e não de sabotagens. Também é momento de elegermos pessoas que respeitem seus ouvintes, que se aprimorem para representar com qualidade e polidez seus eleitores. Tribuna pública é local de crescimento pela oratória e exposição de idéias. Caso queiramos ver escândalos, ouvir baixaria e ultrajes à nossa língua pátria, seria recomendável assistirmos ao “Programa do Ratinho” com profissionais pagos para este fim, de entretenimento, por patrocinadores outros que não os cofres públicos. 
A grande maioria das pessoas eleitas, ou que ocupam cargo público em nosso município, são pessoas que tenho o prazer de dizer que são minhas amigas, pessoas carismáticas, grande parte honesta e a quem eu confiaria um filho meu para serem padrinhos. Conheço um homem que me é exemplo e modelo por suas virtudes e limites. Este homem é meu pai. Educou-me e tem ajudado, com sucesso, a educar meus filhos. Meu pai é homem do campo, alfabetizado pelo mesmo e competente no que faz.  Tenho um negócio, um restaurante. Com este, gero recursos para alimentar minha família e garantir o mínimo de conforto a que ela tem direito. Jamais colocaria meu pai para gerenciar meu restaurante. Embora extremamente honesto e disponível, suas limitações e pouca familiaridade com o meu ramo de atividade, fatalmente nos levaria à falência. E como cobraria dele uma postura diferente, se eu já conhecia de antemão os seus limites? Sendo assim, não acho justo escolher quem vai gerenciar o poder público usando apenas o critério “bonzinho e confiável.” Acredito que critérios como capacitados e competentes sejam mais úteis à coletividade. 
Concluindo, acho que é o momento de analisarmos o custo e benefício de nossos representantes. Comparar seus salários com sua produção efetiva a favor da comunidade. Analisarmos seus projetos (se é que existiram) e perceber nestes a real importância para o bem comum. Feito isso, é hora de renovar o contrato daqueles que nos foram úteis e compatíveis com o salário recebido. Quanto aos demais... já diz o ditado moderno: “A fila anda”.
Tadeu Gomes


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