quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Espaço Memória - HR - Muito além do futebol

Muito mais do que uma aula de futebol, o Barcelona nos deu uma demonstração de sua imensa capacidade gerencial. De planejamento e gestão estratégicos, como organizar, comandar, coordenar e controlar recursos humanos materiais, financeiros e tecnológicos na busca de um objetivo comum. Aula de gestão pelo conhecimento, em suas duas vertentes, a do sistema ou inteligência negocial (saber de seus pontos fortes e fracos) e a do ambiente, ou inteligência estratégica (conhecer as variáveis e os atores do ambiente e as oportunidades e ameaças que oferecem).
Aula de eficiência, jogar bonito. De eficácia, ganhar o jogo e de efetividade, manter-se permanentemente apto a jogar bonito e a ganhar o jogo.
Aula de qualidade total, de reengenharia, de Just-in-time, de Equipes Zap. Aula de benchmarking, eloquentemente definida por seu técnico Guardiola, ao dizer que treinou a equipe para jogar dessa maneira, tocando magnificamente a bola, porque seus pais e avós sempre lhe disseram que “era assim que os brasileiros jogavam”.
Aula de humildade, de desprendimento, de saber colocar o interesse coletivo muito acima do individual, sem estrelismos, sem individualismos, num esquema tático de futebol total, holístico, o “0-7-0” que de repente vira “3-0-7” ou “10-0-0”. Não há escalações típicas, zagueiro, meias, pontas, centro-avantes. Todos fazem de tudo e o que há é um time de 112 anos chamado Barcelona.
Muito mais do que ensinar a jogar futebol, como reconheceu Neymar, o Barcelona nos abriu os olhos para o primado da Educação. Seus atletas são preparados desde as equipes dentes-de-leite, não apenas técnica e fisicamente, mas também filosoficamente, de forma a compreenderem o real significado do encantamento que o esporte proporciona.
Essa educação que já tivemos no Brasil, não só no esporte, mas em tudo, do maternal à universidade, e da qual um dia nos afastamos, tornando-nos esse Reino de Avilan que a mídia retrata diuturnamente, com seus mensalões, sanguessugas, nepotismos, propinas, superfaturamentos e sabe Deus mais o quê.
E antes de perguntar ao Barcelona, “que futebol invencível é esse afinal?”, caberia mais indagar se seus jogadores são admitidos por meio de quotas para alguma “minoria”, ou por indicação de algum político, por pressão de algum sindicato, por exigência de algum partido político, por conchavos entre empresários corruptores e dirigentes corruptos ou por alguma dessas espertezas que vicejam no Brasil onde “adoram levar vantagem em tudo”. Espertezas essas que logo após a partida foram deixadas a nu pelo próprio Muricy Ramalho, técnico derrotado do Santos: “Se algum time brasileiro jogasse com o esquema do Barcelona, seria caso de policia”. 
Seria sim Senhor Muricy, casos de polícia são os que mais têm freqüentado nossos noticiários, na política, na economia, no social, no ambiental, na ciência e tecnologia... e também no futebol.
Ou aprendemos essa lição de vida agora com o Barcelona, ou continuaremos em todos os nossos campos de atividade, particularmente na Copa de 2014 a levar chineladas ainda mais dolorosas que a do gol de Ghighia, no Maracanã em 16 de julho de 1950.
edgarlook


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