quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Braz e Belém - como tudo recomeçou

Era o ano de 1971!  Eu era professora de Língua Portuguesa e de Literatura Brasileira no “Américo de Paiva”. E como fazíamos em todos os anos, para motivar a criatividade e a socialização entre os alunos, e ainda incentivar a pesquisa da cultura local, realizamos uma gincana. De repente, com o entusiasmo dos estudantes, houve uma repercussão na cidade toda. E, portanto, resolvemos apresentar a realização das tarefas no Minas Clube, porque assim acomodaria bastante gente - alunos, pais, convidados. 
Nessa época, os blocos de carnaval Braz e Belém eram coisas do passado, da década 1930. E só os mais velhos relembravam. Mas a cidade já era dividida nos dois bairros por pura tradição, nada oficial. Aliás, nem podem ser chamados de bairro atualmente, pois fazem parte do centro da cidade. Mas, enfim, a gincana “mexeu” com os mais idosos, e à noite o salão do Minas Clube lotou. E isso porque uma das provas da gincana era a apresentação dos antigos blocos Braz e Belém. 
Não foi fácil realizar a prova porque naquela época ninguém tinha fantasias de carnaval. Foi preciso improvisar, ou buscar em cidades vizinhas, como São Sebastião do Paraíso e Guaxupé. Foi realizada uma pesquisa, perguntando aos mais idosos, para descobrir como eram os estandartes das escolas de samba Braz e Belém.  Nada de errado poderia passar, pois tudo valia ponto para a equipe. Mas houve um “erro fatal”!
O “erro” aconteceu na escolha da porta-bandeira. Escolhemos a Tânia Donnabella por ser alta, bonita para ser a porta-bandeira do bloco do Braz. E o Sr. Alfredo Donnabella, já idoso nessa época, mas fanático pelo Belém, foi assistir à gincana apenas para ver essa prova. Mas a decepção dele, ao ver a neta entrar com o estandarte do Braz foi tão grande, que imediatamente ele se retirou, indignadíssimo. É lógico que ele não entendia que era apenas uma prova e que o Braz e o Belém eram da mesma equipe.
 No dia seguinte, o comentário no colégio era justamente esse: o carnaval do Braz e Belém morreu, mas o amor aos blocos continua vivo. E foi aí, a partir dessa gincana, que tivemos a ideia de “ressuscitar” o carnaval de rua com os dois blocos. E desde o ano de 1972 para cá, a tradição se mantém.  No bloco do Braz, ficamos na liderança: Cida Heluany, Paulinho Veloso e eu. E no Belém, Marlene Pucci, Cidinha Paulino e a Zélia P. de Melo.
Fomos para a cidade de Americana, nas fábricas de tecido. Escolhemos um tecido que lembrava a “estampa de zebra” para o Braz. Minha mãe desocupou um quarto para armazenar os pacotes com o tecido. E a costureira do Braz era a Vilma Paiva.
Dessa data para cá, a tradição se mantém. E eu sinto um orgulho imenso de fazer parte dessa história.
Professora Nilzinha


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