quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Montanhas moídas


Eu tenho um torno para fazer trabalhos com madeira. Sei fazer alguma coisa e gosto muito do passatempo. Certo dia, estava observando, quando se lixa no torno, o chão cobre-se de areia de lixa. Associei tal fato com os ventos lá em cima dos montes lixando os cumes, a planície em baixo enche-se de areia, tornando-se deserto. Os desertos não são os fundos de mares ressecados, e sim serragem e poeira de lixa das montanhas moídas por ventos secos. A sua distribuição prova isso sem dúvida, pois, ela se faz de acordo com as correntes de vento. 

Desligo o torno, tomo banho, deito em sofá no meu escritório e fiquei olhando o meu globo terrestre sobre a estante e fiquei chocado com a extensão dos desertos. Como é pouco o espaço reservado ao homem neste planeta: três quintos são mar, e do que resta um quarto é deserto! Os desertos estendem-se em duas faixas paralelas ao Equador em torno do globo terrestre na altura das latitudes doscavalos( nome que se deve ao fato de que os marinheiros eram forçados a lançarem ao mar os seus carregamentos de cavalos, a fim de pouparem água potável por causa das calmarias, isto é, falta de vento. E da zona onde o ar subia do equador e ali despejou as chuvas, desce seco e onde chove pouco 

Pode-se traduzir que os desertos são cemitérios de montanhas, mas não são pacíficos e sim agressivos. Se dos montes se pode dizer que as pedras rolam para baixo, então vale dizer-se dos desertos que a areia só caminha para a frente. Os desertos apresentam tendência para estender; retraírem-se constitui exceção. Por toda parte, nos limites do Império Romano encontram-se à beira dos desertos cidades soterradas. 

Cada fragmento de rocha é lixado durante tanto tempo até se tornar redondo, jazendo os maiores nas depressões como crânios, os médios como pães e os menores como ovos e lentilhas. Quando Cristo se achava no deserto, o demônio aproximou-se dele apontando para as pedras no chão e disse:” faça com que estas pedras se transformem em pão”, pois ali estavam – eram pães petrificados. Quando Cristo passou pelo campo amaldiçoado, onde um campônio recolhia pedrinhas do solo, perguntou-lhe o que semeava e recebeu a resposta mal- humorada: “então não vês? São ervilhas”, pois o vento lixou as pedrinhas do campo dando-lhe a forma de ervilhas. A terra em que Cristo viveu é uma região polida pelo vento. Ainda bem que o deserto de Saara não foi provocado pelo homem e sim por uma mudança de poucos graus no eixo de rotação terrestre, gerando grande transformação climática. A preocupação de um homem é como um pássaro que assenta em sua cabeça. Será prudente não deixar fazer ninho nem deserto!
Professor Adhemar

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