terça-feira, 22 de janeiro de 2013

BRAZ E BELÉM - como tudo recomeçou

Era o ano de 1971!  Eu era professora de Língua Portuguesa e de Literatura Brasileira no “Américo de Paiva”. E como fazíamos todos os anos, para motivar a criatividade e a socialização entre os alunos, e ainda incentivar a pesquisa da cultura local, realizamos uma gincana. De repente, com o entusiasmo dos estudantes, houve uma repercussão na cidade toda. E, portanto, resolvemos fazer a apresentação das tarefas no Minas Clube, porque assim acomodaria melhor o público_ alunos, pais, convidados. 
Nessa época, os blocos de carnaval Braz e Belém eram coisas do passado, da década 1930. E só os mais velhos relembravam. Mas a cidade já era dividida nos dois bairros por pura tradição, nada oficial. Aliás, nem poderiam ser chamados de bairro, pois fazem parte do centro da cidade. Mas, enfim, a gincana “mexeu” com os mais idosos e, à noite, o salão do Minas Clube lotou. E isso só porque uma das provas da gincana seria a apresentação dos antigos blocos Braz e Belém. 
Não foi fácil realizar a prova porque, naquela época, ninguém tinha fantasias de carnaval. Foi preciso improvisar, ou buscar em cidades vizinhas, como São Sebastião do Paraíso e Guaxupé. Foi realizada uma pesquisa, perguntando aos mais idosos, para descobrir como eram os estandartes das escolas de samba Braz e Belém.  Nada de errado poderia passar, pois tudo valia ponto para a equipe. Mas houve um “erro fatal”!
O “erro” aconteceu na escolha da porta-bandeira. Escolhemos a Tânia Donnabella, por ser alta e bonita, como a porta-bandeira do bloco do Braz. E o Sr. Alfredo Donnabella, já idoso nessa época, mas fanático pelo Belém, foi assistir à gincana apenas para ver essa prova. Mas a decepção dele, ao ver a neta entrar com o estandarte do Braz, foi tão grande, que imediatamente ele se retirou do clube, muito indignado. É lógico que ele não entendeu que era apenas uma prova de gincana e que o “Braz” e o “Belém” eram da mesma equipe.
 No dia seguinte, o comentário no colégio era justamente esse: o carnaval do Braz e Belém morreu, mas o amor aos blocos continuava vivo. E foi aí, a partir dessa gincana, que tivemos a ideia de “ressuscitar” o carnaval de rua com os dois blocos. 
Assim, no ano seguinte, em 1972, renasceu o carnaval de rua com os blocos Braz e Belém.  No bloco do Braz, ficamos na liderança: Cida Heluany, Paulinho Veloso e eu. E no Belém, Marlene Pucci, Cidinha Paulino, Zélia P. de Melo, Nilda Parisi, família Luz (Sr. Sizinho Luz), família Donabella, o “Fiúca”, entre outros que minha memória já apagou.
No primeiro ano da “ressurreição” do carnaval, fomos para a cidade de Americana, onde há várias fábricas de tecido, para comprar um tecido branco e preto (lembrava a “estampa de zebra”) para o bloco do Braz. Minha mãe desocupou um quarto na nossa casa (o primeiro reduto do Braz da nova era) onde armazenamos os pacotes com o tecido de cada participante. E a costureira foi a Vilma Paiva.
Nessa época, as duas escolas apresentaram o “blocão”, ou seja, ainda não havia a distribuição por alas e nem carros alegóricos. E dessa época para cá, a tradição se mantém. E eu sinto um orgulho imenso de fazer parte dessa história. 

Professora Nilzinha

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