sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Nova fraude no setor de café agita empresariado capixaba


Passados mais de dois anos da deflagração da Operação Broca, que revelou um esquema de fraudes na comercialização de café, o mercado local transpira a insatisfação com novas irregularidades no setor. O protesto tímido aconteceu durante encontro de lideranças empresariais capixabas, realizado nesse final de semana na região de Pedra Azul. Essa não é a primeira vez que representantes do Comércio do Café de Vitória (CCCV) revelam a existência de novas perdas.

A principal queixa tem como alvo um suposto esquema montado com auxílio de empresas do estado do Rio de Janeiro, que rememora o expediente fraudulento utilizado por grandes empresas locais. Segundo nota da coluna Victor Hugo, publicada no jornal A Gazeta, os empresários do setor cobram uma ação mais incisiva do governo do Estado contra as irregularidades, que já teriam ultrapassado R$ 100 milhões aos cofres do Estado.
No mês de setembro, a CCCV divulgou dados sobre novas perdas do setor com fraudes na venda dos grãos. A entidade alegou que, até naquele momento, o Estado teria deixado de recolher R$ 67,73 milhões apenas com o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), principal tributo estadual. Também deixaram de ser recolhidos os valores relativos ao Funrural, contribuição que incide sobre o faturamento dos produtores rurais e é revertida para o pagamento de benefícios a trabalhadores do campo.

Na época, a entidade alegou que as fraudes acontecem no descaminho do café que não vai para a exportação. Em teoria, esses grãos deveriam ir todo para a torrefação, porém, a arrecadação de tributos não condiz com o cruzamento entre os dados da produção e da exportação de café. Nas contas da CCCV, a diferença no recolhimento de tributos é próxima de R$ 5 milhões por mês.

Esse novo esquema de fraudes seria análogo ao descoberto durante as investigações da Operação Broca, que flagrou a “fabricação” de créditos tributários federais – e, consequentemente, créditos de ICMS que passaram ao largo das apurações. A simulação na geração dos créditos também ocorria no momento da exportação do café. Além de não recolherem os tributos, os empresários tinham acesso aos créditos tributários – que variavam entre 3% a 9,25% no PIS/Cofins e de até 18% do tributo estadual.

Segundo as investigações da Polícia Federal, um total de 23 empresas laranjas – que figuravam como intermediárias na compra do café dos produtores – montadas apenas para dar vazão às fraudes movimentaram um total de R$ 2.797.987.859,76. No inquérito policial, obtido com exclusividade pela reportagem, o volume de créditos de PIS/Cofins gerados nas transações investigadas foi de R$ 252.457.080,20.
Broca

A operação foi deflagrada no dia 1º de junho de 2010, com a prisão de 32 envolvidos, entre eles empresários, corretores e funcionários das empresas investigadas. Na ocasião, as equipes da Polícia Federal também fizeram busca e apreensão em documentos e computadores nas sedes das empresas com o auxílio de auditores da Receita Federal. Desde então, o Ministério Público Federal no Estado (MPF/ES) denunciou 95 pessoas envolvidas pelo esquema de obtenção de vantagens tributárias ilícitas.
Nerter Samora

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