quarta-feira, 31 de outubro de 2012

DIA de FINADOS


              Certo dia, quando voltava de Mococa, olhei à direita, perto do posto do Miguel Giacomelli e deparei com as belas e multicoloridas peças de mármore a serem talhadas. Mal deu tempo de pensar nos monumentos marmóreos e pouco mais adiante à esquerda olhei para o cemitério aonde costumava ir aos domingos visitar o túmulo dos que venceram na vida. Não se trata neste contexto de visitar apenas aqueles que alcançaram o que se denomina sucesso. Gostava de verificar e analisar os epitáfios, as datas de nascimento antecedidas de uma estrela, quem sabe, teriam vindo ao mundo para brilhar e consertar o que o próprio homem estragou. Abaixo da estrela, uma cruz marcando a data de falecimento ou morte do passageiro e que poderia representar o passado, a distância da travessia. Essas inscrições talhadas no mármore nos dão excelentes fontes de informação que preservam a memória familiar e coletiva: a perspectiva de vida, as crenças religiosas, a forma de expressão do bom gosto artístico retratado na arquitetura dos túmulos e até mesmo a ideologia dos habitantes.
              O cemitério designava a parte exterior da igreja que era o adro ou atrium, área externa situada à frente. O surgimento dos cemitérios afastados do perímetro urbano foi consequência marcante da insalubridade bem como a urbanização e o crescimento das cidades foram razões para a criação dos cemitérios a céu aberto. Atualmente, nos Estados Unidos da América, a tradição das necrópoles com jazigos e monumentos marmóreos está sendo substituídos por parques arborizados e uma simples placa de metal assinala o local da sepultura.
               Num enterro ouvi duas pessoas dialogando que o féretro saiu às dez horas da Igreja, mas nunca o féretro ocorreu às dez horas porque féretro significa caixão e não o enterro. Aquele sujeito era bom na Língua Portuguesa, pois sabia empregar o vernáculo com precisão. É muito comum chover no dia de finados. Há uma lenda que conta que é a tristeza das pessoas que perderam seus entes queridos, esta vai aos céus e desce em forma de chuva para lavar a mágoa do visitante. Levar flores, acender velas, orar pela pessoa que se reintegrou à natureza e a Deus é uma maneira de se sentir perto dela. É o dia de lhe prestar uma homenagem. Eu penso muito nos meus entes queridos que se foram, não apenas no dia de finados porque nas labaredas do coração não existe tempo cronológico para despertar lembranças e sentimentos., Orar pelos mortos significa contemplar o mistério da ressurreição de Cristo que nos concede a vida eterna. O encontro da cultura Celta ( povo indo-germânico) que viveu na Europa centro-sul  com a  cultura Cristã deu origem à comemoração do dia de finados. Os Celtas acreditavam que os dois mundos se aproximavam: o dos vivos e o dos mortos tornando o momento oportuno para homenagear os ancestrais de forma alegre e festiva, pois acreditavam que a data marcava um novo período na vida.
                    Santo Odilon, abade beneditino instituiu o dia de finados apenas para a ordem de seu Mosteiro em Cluny, França no século X e a Igreja Católica universalizou  a data no século XI pelos papas João XVIII, Leão IX e Silvestre II, porém a data 2 de novembro só foi institucionalizada a partir do século XIII. O dia primeiro de novembro é dia de todos os santos , visto que no calendário não há dias suficientes para todos e assim instituiu esta data para agradar a todos eles. No México , o dia primeiro de novembro é dedicado às crianças que viveram  pouco tempo e a elas erigem  um altar com velas, brinquedos e doces e no dia dois   dedicam aos adultos com opulentas festas e muita alegria. Cada povo tem uma postura em relação aos fatos da travessia, o que vem caracterizar os princípios, as crenças os valores de um povo mediante os sonhos e as celebrações que desejam no mundo.
                       Em lugar nenhum da Bíblia está previsto cultuar aos mortos, mas podemos fazer qualquer espécie de manifestação pelos mortos desde que não seja idolatria. Podemos, se julgar importante rezar, orar, chorar, gritar, dar uma festa e até podemos chorar pelos que nascem e festejar os que morrem, mas fomos chamados a anunciar aos vivos a vida que somente podemos experimentar em CRISTO.

Professor Adhemar

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