quarta-feira, 10 de outubro de 2012

APOLÍTICO – IMPOLÍTICO

Em 1966, tempo de ditadura, eu fazia o Curso de Aperfeiçoamento de Professores do Ensino Secundário (CADES) em Guaxupé. O curso era orientado pelo Comendador Sebastião de Sá que era, também, excelente professor de Didática com quem aprendi muito. Certo dia, numa segunda-feira de janeiro, na hora do intervalo, o comendador me perguntou, se o diretor do Ginásio onde comecei minha carreira profissional no Magistério em 1965, era político ou apolítico. Respondi-lhe que era político tendo em vista conforme Aristóteles que todo homem é um animal político não podendo viver isolado.  Um colega bajulador veio ao encalço da nossa conversa e disse que o diretor era apolítico. Então asseverei que político era um cidadão que desempenhando uma função seguia regras respeitantes à direção dos negócios públicos, que no caso, era dirigir cidadamente uma casa de educação e que, com mais abrangência é a arte de governar os povos. O apolítico é como um cigano: não tem interesse e não se envolve em política, portanto não é um cidadão. 
A cidade é a expressão palpável da necessidade humana de contato, comunicação, organização e troca num contexto físico- social e histórico. O cidadão é um habitante da cidade e não significa que o indivíduo da zona agrícola não seja cidadão considerando que goza dos direitos civis e políticos de um Estado, é, portanto vinculado à cidade. Há os impolíticos, isto é, aqueles corruptos e corruptores que são contrários a boa política, é por conseguinte descortês, incivil, cínico e impolido. Não se ocupam da política sadia. São faltosos de política e se caracterizam pelo descaso, soberba e traição ao eleitor. Olhando firme para o Inspetor acrescentei que existe a politicagem, uma política mesquinha de interesses pessoais inescrupulosos, desonestos, confundida com a boa política pelos oportunistas que levam vantagem dela e também, o caráter prosaico da politicagem visa a formar a boa imagem, desqualificando e desfigurando o concorrente. Olhe bem, concorrente não é adversário, pois todos visam ao bem do povo...
Mais uma pequena colocação: aquele meu colega do início da conversa era um bajulador e com suas fofocas gostava de pisar nos outros para obter pobres vantagens e quem sabe não conhecia o valor exato do prefixo grego “A” que traz ideia de privação e de negação: político versus apolítico. E como é que aquele diretor não era político ou até politiqueiro se por causa dele, a diretora que deu início ao funcionamento do Ginásio Municipal foi afastada porque não era do partido do governo do Estado quando o ginásio passou a estadual em 1966?
Naquele tempo só havia dois partidos: a Arena, partido da ditadura e o MDB que fazia oposição. Isto até era bom se comparado com a sopa de siglas- partidos que existe hoje sem objetivo definido e muito menos com uma filosofia de ideias. Mas, voltando ao tal diretor do partido da Arena, está óbvio que ele era político, tinha algum prestígio e crédito com o governo que predominava no poder.
O Inspetor ficou contentíssimo com meu discurso, fez-me elogios de que nunca me esquecerei de e perguntou ao meu colega, que nessa altura já estava mudo, se ele aprendeu alguma coisa a mais para a sua formação cidadã.  Agradeci o elogio e olhei para o meu colega, oferecendo-lhe um apoio educacional de qualidade e coerente com os valores justos e sentimentos cristãos que nos tornam a vida mais feliz pelas ações integras.


Professor Adhemar

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