quarta-feira, 4 de julho de 2012

O Silêncio- Reflexões Irrefletidas

    Será que existe o silêncio absolutamente?
    Posso imaginar e sentir o que seja o silêncio porque conheço o contrário que é o som, o ruído ou agitação do ar pelos elementos da natureza capazes de produzir trabalho, impedir ou modificar movimentos, mas tudo isto, ainda não passa de um relativismo entre a estática e a dinâmica.
    Quando um professor pede à classe que faça silêncio para que ele possa expor suas considerações e, se os alunos deixam de emitir sons ou param de falar, o professor fala e ouve os seus próprios sons. Depois, submete os alunos a uma verificação de aprendizagem e constata que os resultados muitas vezes, não foram promissores porque os alunos apenas encolheram seus movimentos dispostos a acompanhar e tecer pensamentos, mas continuaram barulhentos sem fazer barulho, bem distantes do ambiente da sala de aula, por aí, se vê que os pensamentos são sonoros!
    Quando, porém, se pede atenção, a receptividade para pensar se dirige de portas abertas ao coração da vida. Então, o aluno compreende, apreende e aprende. A tal verificação será um sucesso, e principalmente, se ela acompanhar o aluno no caminho da vida libertando seus pensamentos, fazendo tremendo ruído com as animadas ondas sonoras do silêncio reflexivo dos conhecimentos do mestre. Pedir atenção é pedir receptividade, mas pedir silêncio faz com que o som do pensamento do discente saia dali à velocidade da luz para outra dimensão. Se perguntar a ele o que aprendeu, a resposta será: nada porque ele não ouvia e ouvir exige atenção.
     Se pudéssemos ficar mergulhados na imensidão que se reveste de profundo silêncio, ainda assim, poderíamos ouvir o som do pulsar de nossos corações, o som dos nossos pestanejares, das respirações e ouvir o som do não som porque estamos mais vivos, mais atentos.

     E, se estivéssemos mortos, não teríamos consciência da vida e parar de respirar consiste em livrar-se do hálito da vida, da emanação de ondas agitadas às quais chamamos de vida. Consumar a libertação da vida é procurar livremente o coração de Deus. Certamente, ao ingerirmos o sabor do silêncio total é que realmente poderemos com a voz executar um trecho musical inaudível dando maior relevo à melodia.
    Somente, quando estivermos profundamente mergulhados na imensidão do espaço, é que certamente, começaremos a ouvir o silêncio inusitado: o som de nossos pensamentos aquecidos pela luz do espírito da sabedoria.
    Ficar sozinho e em silêncio pode ser um meio de ouvir o borbulhar do fundo de nossos pensamentos com o intuito de resolver os problemas da vida. Resolvê-los, internamente, consiste em se higienizar das tristezas, das dores, das angústias, dos pavores e de toda sorte de sentimentos que não quer mais conviver com a presença deles em seu ego. É um estado de profundidade de alma que logo após ele, toma-se a iniciativa do desejar o fim de sobrecargas e quebrar parâmetros de comportamento. O som do silêncio reflexivo tem uma supremacia sobre outros estágios de som porque nos possibilita escutar os nossos anseios e medos, nossas decepções e nossas verdes recordações bem como experiências vividas intensamente. Algo que nem mesmo como a maior expressão da natureza poderia revelar e nem mesmo refletir sobre a grandeza que existe no silêncio dos sentimentos. O silêncio é poderosa fonte inspiradora para que novas e fecundas ideias nasçam, cresçam e desenvolvam no turbilhão deste silêncio. Desta maneira não me excluo do mundo porque floresceu uma visão mais abrangente e clara dos problemas do nosso mundo interior que frutificará na conexão com o mundo exterior à nossa pessoa.
     Ouça, pois a barulheira de seus pensamentos incautos para silenciá-los com a orquestra de novos e fecundos impulsos carregados de discernimento.
Professor Adhemar

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