sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Café irrigado no sul de minas


A primeira estimativa de produção de café (arábica e conilon) para a safra 2011, ao que
tudo indica o País deverá colher entre 41,89 e  44,73 milhões de sacas de 60 quilos do produto
beneficiado. Este resultado representa uma redução entre 12,9% e 7,0%, quando comparada
com a produção obtida na safra anterior.
 Essa redução ocorreu devido a ano de baixa bienalidade do café. A produção do café arábica  representa 74,6%, ou seja, de aproximadamente  33 milhões de sacas da produção do Brasil.  Tem como seu maior Estado produtor Minas Gerais, contando com uma produção por volta de 22 milhões de sacas de café beneficiado.
Na região do Sul e Sudoeste de Minas Gerais, abrangendo a região de Pouso Alegre e estendendo-
se até a região de São Sebastião do Paraíso, Capetinga e Ibiraci pede-se adoção de um manejo diferenciado, caso contrário a bienalidade se torna mais expressiva. Uma forma de amenizar essa bienalidade é o investimento com a irrigação e manejo da cultura corretamente na época certa.
As regiões Sul e Oeste de Minas Gerais possuem ao longo do ano condições climáticas ideais para se cultivar o café arábica. Tem como características temperaturas médias anuais na faixa de 19° a 21° C e precipitações de 1400 a 1500 mm. No entanto, estas regiões estão sujeitas a períodos bastante acentuados de estiagens em épocas críticas de necessidade hídrica do café.
O cafeeiro é sensível à falta d’água superior a 150 mm, e segundo Camargo (1987) a irrigação
nos cafezais deverá suprir a demanda da planta principalmente nas fases de chumbinho, granação, maturação e abotoamento. Faria e Siqueira (2005) avaliaram a produtividade de cafezais submetidos à irrigação por gotejamento suplementar e observaram que a produtividade aumentou de 15% a 22%, sendo a cultura irrigada no período de Setembro a Março. Quando irrigada o ano todo, sem estresse hídrico a produtividade
teve aumento de 10%. O avanço da irrigação na cafeicultura impressiona: foi de 10 mil para mais de 240 mil
hectares em 12 anos, o que representa 9% do parque cafeeiro e responde por 25% da produção
nacional. A irrigação mudou a geografia do café brasileiro. A média nacional de produtividade
no grão é de 24 sacas/ha na região. Por causa da irrigação, passa das 35 sacas/ha. Na tabela a seguir temos um comparativo das produtividades com diferentes doses de irrigação.
Com a irrigação padrão, além da média dos cinco anos de produção ser maior que no
sequeiro, podemos observar menor variação ano a ano. E se quisermos melhorar ainda mais a irrigação, obtendo produtividade maior ainda,podemos utilizar a irrigação padrão mais um
complemento na fase de granação. Desse modo temos um incremento na produtividade maior
ainda. Já no cultivo em sequeiro no ano de 2007 observamos uma forte queda na produção, com
certeza essa diferença de produtividade se deu a um forte período de estiagem. No ano de 2009,
notamos uma variação significativa de produtividade entre o café irrigado com relação ao café
em sequeiro.

Além do aumento da produtividade, existem outros fatores que fazem a irrigação por gotejamento trazer inúmeras vantagens ao produtor. Dentre algumas dessas vantagens podemos citar: menor abortamento de flores, uniformidade de florada, aumento do tamanho dos grãos, melhor qualidade de bebida; possibilidade
de fertirrigação e aplicação de defensivos, com isso diminui o tráfego de máquinas no campo,
consequentemente causa menor compactação do solo; diminuição da mão-deobra.
Com todos esses benefícios o produtor se pergunta: Mas e os custos? Com relação ao montante investido o retorno ao produtor é relativamente rápido. Além das economias mostradas com manejo anteriormente e com o aumento da produção devido à irrigação por gotejamento, o investimento se paga em no máximo duas safras. Cada projeto é muito particular, devido á topografia do terreno, distância da captação á lavoura, tipo de solo e variedade de plantas. Como o relevo da região Sul de Minas é muito acidentado o melhor e mais usado método para irrigar é o gotejamento. Nesse sistema, a topografia se adapta muito bem aos
parâmetros do projeto hidráulico. Atualmente devido ao histórico de dados de custos podemos
falar que o investimento com irrigação custa em torno de 5 a 7 mil reais/ha para cultura do
café. Não podemos nos esquecer nos aumentos significativos de preços que o café teve ao longo
dos anos. De acordo com o indicador CEPEA (ESALQ/USP) podemos observar que a média
de preços da safra 10/11, o mês de Abril/2011 bateu na marca de R$ 399,22/saca, sendo que no ano passado o preço médio dos meses da safra 09/10 fechou na casa dos R$ 274,18/saca.
No índice, notamos que no mês de Abril o café fechou com preço de R$ 524,41/saca e no mesmo
período do ano passado fechou em R$ 282,17/saca. O gráfico a seguir mostra a variação de preços
entre os anos de 2008 até o final do mês de Abril de 2011. Pelo gráfico notamos que 2011 foi um ano muito favorável à comercialização de café, diferentemente dos anos anteriores em que os preços praticamente se mantiveram estáveis com início de aumento no mês de Junho de 2010. Desde então os preços estão muito
bom para o cafeicultor brasileiro. 


Em contra partida de custos, mão-de-obra e manejo, atualmente temos que nos adequar as normas e leis que ainda não foram muito bem definidas pelo governo no que diz respeito à preservação do meio ambiente, preservação dos recursos hídricos e mananciais. Definidas as novas regras de exploração de recursos naturais o produtor terá que se adequar para possibilidade de financiamentos e uso dos recursos hídricos e florestais. A irrigação por gotejamento é a tecnologia mais eficiente no que diz respeito à aplicação de água nas culturas. Com uma eficiência de 95% de aplicação evitamos o mau uso da água e aplicamos no momento certo de necessidade da cultura sem que haja um desperdício de recursos e energia elétrica. CLÓVIS BISSI JUNIOR Mestrado em irrigação e drenagem (ESALQ/USP) Gota Certa Irrigação LTDA – S.S. Paraíso


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