Conheci um homem notável, contador de histórias que eram verdadeiras lições de vida. Era conhecido por todos como o “Souza Velho”. Os casos dele me fazem sentir até hoje, que deveria ter fotografado todos os momentos da minha vida para, depois, revelar se vivi corretamente. Analisando algumas fotografias reveladas, percebi que as pessoas não se tornam importantes pela maneira de ser ou agir, mas pela intensidade que imprime em seus sentimentos e valores.
Lembro-me de o Sr. Souza ter dito que os homens extraordinários têm habilidade de se doar aos outros e de ajudá-los com as mudanças e cargas que carregam e outras que vão surgindo em seu itinerário sem interesse de retorno, reconhecimento ou lembrança.
Numa ocasião, Souza contou uma belíssima narração da qual nunca me esqueci. Contou ele que, quando os homens eram íntegros e imparciais, ninguém se incomodava com as tais pessoas exemplares visto que todas davam o melhor de si, sem se sentir que cumpria uma obrigação e assim amavam o seu próximo porque compreendia que aquilo era o caminho da vida e não se preocupavam com destaques pela razão de entender que não estavam fazendo nada de relevante e se pareciam com as crianças inocentes e não com adultos cautelosos. Naquele tempo, dizia o Sr. Souza com um linguajar cadenciado e com movimentos de cabeça para ver se os meninos estavam atentos, os homens repartiam os parcos haveres para não acumular e poderem carregar o suficiente considerando que a travessia da vida durava um bom tempo. Conviviam juntos e irmanados com harmonia e liberdade: doando, recebendo sem cobrar ou exigir reconhecimento um do outro e sem olhares de cobiça e de disputa por bens materiais. Faziam o que faziam e também nem se preocupavam se estavam ou não acumulando bens espirituais. Por causa disso suas atitudes, seus feitos maravilhosos aos olhos de hoje, não foram contados e registrados documentalmente, assim eles não deixaram nenhuma história.
Bem seria, se dispuséssemos, hoje, a fazer o bem, as coisas mais simples e comuns que não houvesse necessidade de exaltar aqueles que o praticam e como diziam os Beatles “não é difícil imaginar”. Assim nossa luta atingiria a simplicidade e a inocência que vai muito além da sofisticação e da celebridade.
Felizmente, conheço pessoas especiais nos dias de hoje que não se importam com a exclusividade e relevo pelas suas ações. Conheço os feitos da Madre Tereza de Calcutá, os inumeráveis trabalhos da D. Selma Bufoni e da Norminha Silva em prol da ajuda aos menos favorecidos sem nenhum interesse oculto, mas, que importam com a saúde física e espiritual e certamente com a felicidade dos outros que ajudam a conquistá-la. A vida para essas pessoas não é uma carga de pedras, mas um fardo de algodão macio, delicado, amoroso e sensível que visa a secar lágrimas que insistem e cair.
Obrigado, Sr. Souza Velho, pela fotografia indelével que deixou a qual me revelou tantos momentos de minha vida que revi o quanto vivi direito.
Olhe, se você não concordar comigo, terei a imensa satisfação e a impressão de que estou certo...
Professor Adhemar
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