quarta-feira, 21 de março de 2012

Preço do café e informação ao produtor dominou a abertura do Circuito Mineiro do Café na Cooparaiso

Cerca de 200 produtores compareceram à abertura do evento

Presente ao evento, Reitor da Universidade Federal de Lavras, diz que
produtor precisa ter informação para fazer um trabalho cada vez melhor.

S.S. do Paraíso: Um dos eventos mais tradicionais do setor cafeeiro, o Circuito Mineiro de Cafeicultura, realizou mais uma vez sua abertura na sede da Cooperativa Regional dos Cafeicultores de São Sebastião do Paraíso (Cooparaiso), parceira do evento. Cerca de 200 produtores decafé do sul de Minas compareceram ao Circuito, que teve como tema neste ano “Produtividade, qualidade, competitividade e renda”.
Para o diretor comercial da Cooparaiso, Rogério do Couto Rosa Araújo, sediar um evento desse porte em sua abertura é uma honra para a cooperativa: “Tivemos pessoas ilustres presentes no evento, como o reitor da Universidade Federal de Lavras (UFLA), Antônio Nazareno; Ednaldo Abrahão, da Emater e do Polo de Excelência do Café; tivemos as presenças dos gerentes regionais das Emater-MG. As palestras foram muito interessantes. Podemos dizer também que foi a abertura de nosso Plano de Safra, o que quer dizer que essas foram as primeiras de uma série de palestras que vamos apresentar em nosso plano de safra 2012”, disse o diretor daCooparaiso.
O reitor Antônio Nazareno Mendes Junior disse que o evento ocorre para demonstrar o quanto a informação é necessária ao produtor de café. “O cafeicultor está apreensivo por causa das quedas no preço do café. Ele vive um cenário pior do que há alguns meses. Com a proximidade da colheita a apreensão aumenta, mas esperamos que nossos técnicos, pesquisadores, profissionais do setor possam, pelo menos, nivelar as informações para os cafeicultores, para que tenhamos uma visão, o mais próxima possível do mercado, e que a gente possa assegurar ao produtor, para essa safra, informações para que ele faça uma boa colheita e, principalmente, que ele continue a colher um café de ótima qualidade, que agregue valor ao seu produto e com isso possa atingir patamares melhores no mercado internacional. E a Universidade de Lavras trabalha para prestar a sua contribuição”, disse o reitor.
Uma das palestrantes do evento, a engenheira agrônoma e administradora técnica de vendas, Sílvia Miranda Borba, apresentou o tema sobre “manejo técnico de doenças”. Ela disse que a preocupação dos produtores deve ser agora quanto à mancha aureolada e cercospora que podem trazer perdas significativas para esta safra. “A mancha aureolada está sendo um problema sério na região do sul de Minas e agora a cercospora surgiu nos cafezais, por isso é importante falar sobre o manejo sustentável, tanto com o produto químico, quanto o manejo cultural”, explicou.
Silvia também elogiou o evento por sua abrangência. “É um evento fundamental para difundir tecnologia, novos produtos, debater sobre doenças, pragas e mercado. Hoje a informação pode mudar cenários positivamente”, refletiu.
O professor do departamento de Agricultura da UFLA, Rubens José Guimarães, que apresentou a palestra “manejo sustentável da lavoura cafeeira”, disse que “a novidade sobre a pesquisa cafeeira – desde a muda, até a qualidade final da bebida - tem o objetivo maior de levar algo novo que a Universidade tem a dizer ao produtor. Temos que elogiar o setor produtivo, na figura do produtor de café. Se não fosse adotarem as novas tecnologias que apresentamos, não existiria o aumento de produtividade significativo que temos notado”, ponderou.
O Circuito Mineiro de Cafeicultura é realizado pela Emater-MG, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e UFLA.
Análise do momento
De acordo com o coordenador do Polo de Excelência do Café, Ednaldo Abrahão, presente ao evento, o momento atual da cafeicultura é muito positivo. “Apesar de estarmos vivendo uma queda nos preços do café, eu acredito que ela seja artificial, pois coincidiu com o anúncio de uma super safra, que eu não acredito que vá atingir os números anunciados. Para mim, chegaremos a ter uma safra de 50 milhões de sacas, que podemos considerar boa, mas não o suficiente para repor o que torramos de café. Mesmo com essa safra, não vamos conseguir suprir a demanda de café, por isso acredito na recuperação de preços”, contextualizou Ednaldo.
Para ele, a divulgação dessa safra não veio junto com alguns “artefatos” capazes de proteger os preços. “Tínhamos que ter alguns mecanismos implantados que fossem capazes de fazer com que o produtor segurasse a sua safra. Com a divulgação de uma super safra, há uma maior oferta de café, pois o produtor vai vender, temendo que o preço ainda abaixe mais e porque tem que quitar suas dívidas”, disse.
Ednaldo disse que o momento é único, não só por causa dos baixos estoque de café no mundo e dos preços. “Estamos com representação nova no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, no Conselho Nacional do Café (CNC), temos agora um brasileiro na Organização Internacional do Café (OIC). Nós precisamos de lideranças que pensem na cafeicultura como um todo, e não segmentada, porque se um setor vai mal, influencia o outro”.
Outro aspecto que Ednaldo ressaltou é a questão da difusão de informações, fator essencial para o crescimento do setor cafeeiro. “Nós não fazemos nada sozinho e o trabalho do Coffee Break, Comunidade Manejo da Lavoura, Revista Cafeicultura, Polo de Excelência do Café e Universidade Federal de Lavras, entre outros, têm realizado a construção coletiva do conhecimento, isso vai unir a cadeia, aí a força do café terá que ser reconhecida, afinal somos o maior produtor do mundo de café e não nos posicionamos assim. Para se ter um ideia de quanto isso é importante, vamos trabalhar em prol do mapeamento da cafeicultura, pois não temos noção de como é o parque cafeeiro, quanto temos de área plantada, quanto de produção e produtividade. Em conseqüência dessas questões não temos uma metodologia científica para fazer estimativa de safra e ficamos a sabor do mercado. Não sabemos, por exemplo, qual a extensão do prejuízo que a seca provocou. Como podemos formular políticas públicas se não conhecemos o nosso negócio?”, questiona Ednaldo Abrahão. Coffee Break

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