quarta-feira, 21 de março de 2012

O LAR e o AMOR

Há pouco tempo, enquanto esperava o ônibus na rodoviária, puxei conversa com um senhor chamado Leopoldo Clemente. Depois de algumas trocas de perguntas, um homem nos pediu esmolas ao que atendemos o seu pedido.
O senhor Leopoldo ficou olhando por alguns instantes aquele pobre caminhando penosamente e começou a falar com discrição, apuro de linguagem e dava para notar-se que tinha muita experiência bem vivida e aproveitava para ensinar as pessoas.
            Ouvi de sua fala como que um lamento, dizendo: que falta faz um lar... Olha, moço o lar não é um abrigo para proteger-se do frio, do vento e da chuva. Não é só a casa onde moro. A família unida e esclarecida pode constituir um lar. Este mendigo, provavelmente sem casa e sem lar ainda não está sozinho porque soube dizer: Deus lhe pague. Ele acredita em Deus na sua pura humildade. Lar- é Deus, família e amor juntos. Falta, pois, àquele homem a atenção do ser humano no que concerne dar-lhe um lar. Se num recinto, houver a presença do Senhor, corações amorosos, luz de olhos felizes, bondade, lealdade e o companheirismo eis aí o lar e não a casa de outrem. Neste recôndito aprende-se o que é correto, o que é bom, o que é gentil. É para onde me dirijo quando volto do trabalho ou quando estou saudável ou doente. É onde convivo compartilhando a alegria e onde a tristeza é suavizada. Neste ambiente o pai e a mãe são respeitados e amados, é ali que as crianças são tão queridas. Lá, um simples alimento é suficientemente bom para todos, levando-se em conta que é ganho com o suor trabalho. Evidencia-se, portanto que o dinheiro não é tão importante como o amor e a bondade. Só se caracteriza lar a casa onde o amor se faz vivível entre as pessoas no tratamento diário, estar atento a tudo o que entra em sua casa e a influencia. O amor, no lar consiste em seguir alguém que é a essência de seu próprio ensino, isto é, o Mestre dos Mestres-Jesus.
O amor não é um livro de regras mas o seu autor se relaciona diretamente conosco, comunicando-nos via, verdade, vida- o que nos prometeu.
Não é tão difícil entender porque nossa sociedade anda doente, corrupta e debilitada. Olhe-se para o número de casas de uma cidade e verifique em quantas há o que se chama verdadeiro lar: presença de Deus, pessoas e muito amor- que consiste em compreender um ao outro, ajudá-lo, suportá-lo e libertá-lo de amarguras. É o lugar a cuja finalidade precípua é doar, dar muito amore não se preocupar em receber porque de acordo com a ação e reação cada qual receberá de conformidade com sua plantação. Plante amor que Deus garante o retorno dele.
              A felicidade floresce na atitude de entregar e não na ideia de receber. No instante, que quiser formar um lar, consolida-se o compromisso a enriquecer o crescimento do outro. Quantas pessoas se unem desejando alguma coisa da outra e não porque possa dar algo à outra. Se não tiver a predisposição de servir ao outro, ainda não está motivado pelo verdadeiro amor. Na dúvida não ultrapasse, você se prejudicará e a outrem também.
O ônibus chegou. Perguntei ao senhor Clemente de onde era e que um dia gostaria de visita-lo, pois, suas considerações sobre o lar e o amor foram dignas de um sábio. Ele agradeceu o elogio e disse que seu lar ficava em Tangará da Serra- Mato Grosso, cidade nova, fundada em 1976, distando 240 km a noroeste de Cuiabá e que conta com 84000 habitantes e com muitos lares verdadeiros, sou professor aposentado como o senhor.
            Despedimo-nos, cordialmente. Pensei comigo: que sujeito nobre, notável e singular...


Professor Adhemar

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