quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

5ª Avenida - Edição 504


CARNAVAL DE OUTRORA... CARNAVAL DE AGORA
A nostalgia foi sempre uma fiel companheira dos meus pensamentos. Ela me empurra para anos idos de 60. O mês é fevereiro, sábado de Carnaval, me vejo de braços dados com meu avô Victor Larisca a caminho do baile carnavalesco, promovido pela Assossiação Comercial de Monte Santo de Minas. Estou perto dos meus 14 anos completos, de longe avisto os juízes de menores, “estacionados” na porta de entrada do prédio, o relógio beira às 9 da noite. Que importa o andar do carrilhão, estou devidamente protegida pelo tamanho de meu avô e pelo seu porte imponente. Começa um estranho frio na barriga, serei barrada pela falta de idade ?!Então, o pior realmente me acontece.Apresentado os meus documentos fui, literalmente, barrada no baile. E, pensar que faltavam poucos dias para atingir a idade exigida pela lei. Meu avô consente com as explicações dadas ou seja a proibição de minha entrada e, assim retornamos para casa, com o consolo de que no domingo haveria matinê para as crianças. Frustrada pela “humilhação” chorei a noite inteira, ouvindo de longe as marchinhas tocadas por  músicos da Banda do senhor Luiz Passeri. Recordo-me de alguns como Zé Giacomelli, Dito Zaghini, meu pai Hilário Guidorizzi, meu Tio João Larisca, João Benedito e Mário Fernandes, o Soletu, o cantor. Um ano se passou, confesso ter curtido uma raiva profunda daqueles dois “monstros” que não me permitiram a entrada. Agora, passado um ano, lá estou eu de camisa xadrez azul, calça comprida, igualzinhas a do meu namorado. O tecido foi comprado nas Casas Pernambucanas. Este hábito agora é moda. Prevenida pela minha avó Emilia tomei um grande copo de leite, prá aguentar dançar o baile até o raiar da madrugada. No recinto, serpentinas e confetes fazem a decoração do ambiente, mas necessário se faz o uso de óculos de plástico, grampeado dos lados, para evitar o ardido dos lança perfumes da Rhodia. Que perfume no ar, ainda posso sentir! Alguns preferem cheirar o lança embebido, invariavelmente, num lenço branco. Alguns exageram e tombam. Um belo exemplo para não cair no mesmo erro ridículo. Algumas marchinhas já são velhas conhecidas e tem as novas, cujo refrão é aprendido depois de duas ou três voltas pelo salão, no sentido horário, não sendo permitido de outra forma. Alguns cordões são estabelecidos por famílias inteiras e passam saudando a todos. Há um suspense no ar: as quatro lindas filhas do Alceu Ribeiro ainda não chegaram e virão, com certeza, fantasiadas. Quando as carnavalescas chegam, o ar e a banda parecem suspensos para admirar o inusitado. Lembro-me bem de uma fantasia de espanhola, todas elas em preto, com adornos em vermelho e as castanholas, ah! as castanholas. E, eu tendo que me contentar com o dueto da tal camisa xadrez...
Alguns anos depois, veio a inauguração do Minas Clube e uma rivalidade velada se estabelecia entre os dois clubes que promoviam os Bailes de Carnaval. Naquela época, a mim parecia que um era destinado aos ricos e o outro à classe operária!!! Alguns anos se passam e  fazemos grupinhos de fantasias apenas criativas, usando de parcos recursos. O comércio da 25 de Março um tanto quanto inatingível, nesta época. Estou nos vendo vestidas de catadores de cata-ventos, penso que exageramos no grude (composição de água e farinha de trigo ), motivo pelo qual eles não giravam, de jeito nenhum. Então veio a fantasia de palhaço com uma grande margarida de plástico, no alto do chapéu coco, um toque para o charme final. Minha nossa, onde encontrar seis flores iguais para seis donzelas? Foi uma verdadeira peregrinação nas casas das tias, aquelas rabugentas e sistemáticas, e, então, humildemente pedir emprestada aquela margarida, suja e desconsolada, naquele vaso de vidro embaçado, para compor a nossa fantasia daqueles mágicos quatro dias. Também, a fantasia de portuguesas com os seus pandeiros feitos de lata de goiabada, pintados de branco e coloridos de fitas de cetim. Surge o carnaval do MUG, boneco lançado pelo cantor Simonal, no auge de sua carreira nesta época. Nossa fantasia ficou um luxo de criatividade. Fizemos um tubinho preto, bem curtinho, com um barrado xadrez, usado com meias pretas horrorosas. Para completar, a boca e os olhos do boneco Mug foram feitos de feltro e também o adereço da cabeça. Será que alguém teria este boneco guardado, em algum canto do armário? ... ou da memória... Penso que sou um pouco melhor falando em outrora, em nostalgia... Entretanto, serei lacônica a falar do Carnaval de Agora. O lança perfume está proibido, mas tem a cerveja, a vodka e as demais drogas. A censura não mais proíbe os menores, desde que acompanhado de seus pais. As fantasias se revestem de muita criatividade, de muitas plumas e do brilho dos seus paetês.
BRAZ E BELEM
BRAZ e BELEM estarão compondo o desfile carnavalesco de 2012 na Pedro Paulino, com chuva ou sem chuva, no sábado e na segunda-feira, dias estes do Rei Momo. A Escola de Samba do Braz escolhe o enredo BRASIL UM SONHO REAL, com letra e música de Pérsia Gerônimo. A Escola de Samba do Belém desenvolve o enredo OS CINCO GRANDES NA FOLIA (BRICS), com música e arranjo de Joaquim Ferreira.
CARNAVALESCAS POR EXCELÊNCIA
Maria Zélia e Nilda Parisi, distintas senhoras de nossa sociedade têm muitas coisas em comum : artistas do mesmo ateliê, carnavalescas por excelência, mãe e avó de porta bandeiras de nosso carnaval, ambas de coração vermelho e branco, ou seja, Belem. Não bastasse aniversariam neste efusivo mês de fevereiro e para elas peço um intervalo entre os preparativos das fantasias e recebam um abraço carinhoso por tudo que fazem e são!
QUE GENTE BONITA, HEIN, VALÉRIO !!! 
Nestas tardes de verão, dá  gosto de ver a moçada bonita que se mexe e mexe, ao ritmo de música eletrizante, lá pelas bandas da Academia Espaço Livre. É gente bonita adquirindo resistência para os dias de Momo. Professora Juliana se destaca exigindo a perfeição dos movimentos, ora prá cima e ora prá baixo. É um bonito espetáculo de se ver. Tina, você está de parabéns pela feliz iniciativa.
LEON & ROBERTA
Sem qualquer programação para a última sexta feira resolvemos por uma isca de Tilapia e escolhemos a vizinha cidade de Arceburgo. Noite de estrelas e para nossa surpresa música ao vivo na praça. Apresentava-se o simpático casal Leon & Roberta, interpretando músicas de raiz, MPB e pop rock. São nascidos em Passos, porém morando por aqui mesmo na nossa terrinha e donos de voz afinada, muito boa de se ouvir.


wandaeleusa@gmail.com

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