Campanha da Fraternidade 2011 - Tema: Fraternidade e Vida no Planeta - Lema: “A criação geme em dores de parto” (Rm 8,22)
O tema citado é proposto pela CNNB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) para estudo e aprofundamento, a fim de ser vivenciado neste ano de 2011. Antes de tudo é necessário considerá-lo como assunto de conteúdo exigente e de máxima urgência, cuja responsabilidade não é de algumas pessoas apenas, mas de todos nós que vivemos no Planeta Terra. Como sabemos, a palavra “Campanha” significa, entre outros sentidos, um conjunto de esforços para se atingir um objetivo proposto, enquanto que “Fraternidade”, união entre irmãos, é também consonância entre os que lutam pela mesma causa.
A referida Campanha é proposta no tempo da Quaresma, época em que a Liturgia da Igreja conduz a reflexões que levam à conscientização dos verdadeiros valores da vida cristã: “Eis o tempo favorável, eis o dia de conversão!”. Mas o meditar sobre o tema da Campanha e o agir em conformidade com ele não podem se limitar ao tempo quaresmal, deve ser uma disposição permanente e universal, pois trata-se de um tema ecumênico.
A Vida no Planeta Terra
Deus confiou ao homem o cuidado da Terra e dos seres que a povoam, como está escrito no Livro do Gênesis. O ser humano faz parte do reino da criação, é integrante dela, vive nela imerso, mas lhe é transcendente por sua condição racional. Daí a responsabilidade do homem em relação à natureza, para sua preservação no desenvolvimento sustentável, para as condições de vida das presentes e futuras gerações. No entanto, a situação atual é preocupante, vem retratada no cartaz da CF 2011 que será exposto em vários lugares para a conscientização das pessoas. O que talvez pudesse contribuir para tomada de decisão, individual e comunitária, seria mencionar os malefícios, já comprovados pela ciência, noticiados nos meios de comunicação e as causas que afetam todo o globo terrestre:
. aquecimento global, por efeito estufa: emissão de gases, originados em indústrias mal controladas; veículos, em número excessivo, em circulação; queimadas de grande extensão, tudo originando derretimento das geleiras dos pólos e dos picos glaciais das montanhas da terra, avanço do mar sobre a terra, tufões, tornados, enchentes, secas, desmoronamentos, mudanças climáticas;
. desmatamentos desenfreados em florestas de reserva natural ou de menor porte para agronegócios e venda clandestina de madeiras, dando origem ao desaparecimento de espécies vegetais, de aves, animais e micro-organismos e causando o desalojamento de famílias no setor rural e a consequente superpopulação urbana com os problemas sociais daí decorrentes: favelas, promiscuidade, construções em áreas de risco sem fiscalização rigorosa e tantos outros... ;
. pouco interesse no desenvolvimento sustentável: na reposição de árvores em florestas desmatadas, ceifadas nas zonas urbana e rural e no uso descontrolado dos recursos naturais. É a propósito disso que “A criação geme em dores de parto”, pois a natureza é capaz de regeneração, mas necessita da colaboração do homem, como foi proposta por Deus, no início da criação;
. água, um bem de todos, não de alguns somente: ocorre uso com desperdícios ou usos desnecessários. Entra aqui o sério problema do obrigatório saneamento básico, a cargo dos governos municipais, desde longa data. São raros os municípios que até hoje o realizaram.
. lixo - é precário o tratamento nesse setor, e quando não bem encaminhado, problemas que dele resultam com entupimento de bueiros e tubulações ocasionando enchentes, alagamentos, causando poluição ambiental, atentando contra a higiene e a saúde pública.
Entretanto, não é suficiente conhecer os problemas. Necessário é cada um colaborar no que está a seu alcance, sem esperar que alguém o faça por nós. Em vista disso, como podemos atuar? As grandes soluções pertencem aos homens de governo e é necessário ficarmos atentos a isso.
Quanto a nós, devemos:
. evitar gasto desnecessário de água: lavar quintal ou calçada após chuva, tomar banhos demorados, torneira diretamente aberta na escovação dos dentes, deixar mangueiras ou torneiras abertas sem estar usando a água, limpeza do chão sem tê-lo varrido antes, mas usando a força da água;
. como tarefa obrigatória, separar os objetos recicláveis do lixo doméstico orgânico; . colocar, na rua, embalagem de lixo somente no dia da coleta pelo serviço público. Evitar que sigam para a rede de esgoto ou curso d’água objetos que não devem ser deixados em lugar público: papéis, copos plásticos, embalagens, garrafas etc;
. plantar, em vasos, espécies da flora natural. E quanto possível, arbustos ou árvores de pequeno porte, no jardim ou quintal e árvores frutíferas, onde houver espaço;
. evitar o consumismo – compra exagerada de coisas desnecessárias – isso gera inflação na economia doméstica e no País, avolumando os problemas que já existem: pobreza, falta de recursos para a saúde, falta de moradia entre outros;
. ter atenção na educação dos filhos exigindo deles, na prática, o que aprenderam na escola. Tal cuidado reforça e valoriza o trabalho do professor e o aprendizado do aluno;
. quanto aos educadores: cuidar muito das gerações jovens, no sentido de que sigam os corretos padrões do agir humano – respeito a tudo, colaboração sempre, amor à natureza, pois dependemos da terra, do ar , da água, das plantas, das aves e dos animais. Ter cuidado com os seus pertences e os utensílios domésticos e respeitar a propriedade alheia;
. ter consciência de que, no Brasil, temos grandes riquezas naturais; tenhamos atenção nas decisões políticas neste sentido. A cada brasileiro é garantido o direito de manifestar-se no que é justo e no que não é correto.
Se cada um fizer sua parte, certamente haverá resultado positivo. Mas não deixar de, na oração, pedir a Deus a ação do seu Espírito que “pairava sobre as águas” (Gênesis), no início da criação, para que “renove a face da terra” (Salmo 103).
Nair Depintor
Reflexão a pedido da equipe de Liturgia Paroquial de Monte Santo de Minas.
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